Religiosidade, uma fortaleza espiritual

30/07/2014 13:10

Religiosidade, uma fortaleza espiritual

 

A religiosidade não gera cristãos, gera hipócritas. Gostaria de fazer algumas observações muito importantes quanto ao cuidado que devemos ter para não confundirmos Religiosidade com Vida com Deus.

 

A opção por uma vida religiosa é um erro grave e que gera estagnação espiritual. Precisamos ser cristocêntricos, e assim desenvolvermos uma vida em busca de santidade, pois um dos perigos da religiosidade é banalizar o pecado.

 

Alguns confundem religiosidade com santidade. O que é um erro. Vejo inclusive críticas aos que buscam uma vida santa, tratando-os como religiosos. A santidade não é uma questão de religiosidade ou de puritanismo fundamentalista, a Santidade é um estilo de vida ensinado por Jesus, nosso Mestre, e sem santificação ninguém verá ao Senhor.

 

Segundo Rick Joyner, em seu livro “Vencendo o espírito de religiosidade”, a religiosidade é um demônio que procura substituir o poder do Espírito Santo pela atividade religiosa nas nossas vidas. Assim, quando lemos 2 Tm 3.5, vemos que o objetivo principal é ter a Igreja com aparência de piedade, mas negando a eficácia. Rick Joyner também diz que quando um espírito de religiosidade está fundamentado no orgulho, ele é evidenciado pelo perfeccionismo. Creio que isso é uma verdade profunda, pois o perfeccionista procura um padrão que asfixia a maturidade e o crescimento.

 

Também creio que devemos separar vida com Deus (o que inclui conhecimento da Bíblia) do que chamamos de teologia (que entendo ser diferente de conhecimento Bíblico). Se João chegasse hoje para um "teólogo" com a visão que teve em Apocalipse, provavelmente seria chamado de louco ou até mesmo acusado de heresia. Vejamos Mateus 23.5 e Mateus 23. 13-14. Jesus tomou muito cuidado com os mestres da lei, fariseus, saduceus, e eles, mesmo com todo "conhecimento" não conseguiram discernir como homens espirituais e entender sua mensagem, e que ele era o Messias. Muito pelo contrário, sua religiosidade os cegava. Jesus foi duro no discurso contra a hipocrisia dos religiosos da época. Em Mateus 16.6 vemos que esse espírito de religiosidade é o fermento dos fariseus.

 

Religiosamente, os saduceus eram mais conservadores na área de doutrina do que os fariseus. Os fariseus enxergavam a tradição oral como tendo autoridade igual à Palavra escrita de Deus, já os saduceus consideravam apenas a Palavra Escrita como sendo de Deus, especialmente os livros de Moisés. Por exemplo, eles negavam a existência de um mundo espiritual, ou seja, dos anjos e demônios (Atos 23.8). Se observarmos, é algo muito presente nos "fariseus e saduceus contemporâneos”. Outro exemplo e similaridade com os "fariseus e saduceus contemporâneos”, é que eles eram extremamente auto suficientes e negavam o envolvimento de Deus na vida cotidiana.

 

Os saduceus estavam envolvidos na morte de Tiago como vemos em Atos 12.1-2, fato também observado pelo historiador Flávio Josefo. Vejamos que apesar dos fariseus serem rivais dos saduceus, eles conseguiram colocar suas diferenças de lado em uma ocasião, o julgamento de Cristo, interessante não? Observemos como os religiosos procuram abafar o mover da Igreja, através de homens como Tiago. Veja como os tais religiosos procuram abafar o Apostólico e Profético.

 

Os religiosos fariseus e saduceus foram muito censurados por Jesus. Talvez a melhor lição que podemos aprender com eles é a de não ser como eles. Ao contrário dos saduceus, devemos acreditar em tudo o que a Bíblia diz, incluindo as manifestações sobrenaturais e o Poder da Palavra. Ao contrário dos fariseus, não devemos tratar tradições religiosas e "teológicas" como tendo a mesma autoridade da Bíblia, e não devemos permitir que o nosso relacionamento com Deus seja reduzido a chamada "teologia" , ao legalismo e a religiosidade.

 

A religiosidade engessa o fluir do Espírito Santo. Muitas vezes vemos cultos em que a liturgia e a aparência são fatores levados mais em consideração do que o fluir da Presença. Uma das facetas da religiosidade é um culto sem Adoração, sem a Presença de Deus, sem liberdade para o Espírito Santo, é a busca pela construção de um Império. A religiosidade traz um olhar crítico a tudo e todos.  A religiosidade abafa o Mover Profético e Apostólico.

 

Não podemos permitir que fortalezas construídas na mente ao longo dos anos interfiram na manifestação do Espírito Santo, e também tomar cuidado para que o espírito da Grécia não ganhe espaço na mente.

 

Vejo muitos citarem os cristãos de Bereia. Mas o que é ser como os crentes de Bereia? Ser como os bereanos não é tratar a Palavra com racionalismo, incredulidade e religiosidade. Eles tratavam a Palavra de Deus como algo sério para suas vidas. Podemos observar 2 lições preciosas que aprendemos com os bereanos. A primeira delas é que demonstram uma vida espiritual aberta aos ensinamentos das escrituras, com prudência e respeito profundo pela Palavra de Deus, e a segunda é que devemos receber a Palavra com o coração aberto, com boa vontade e reverência, embora muitas vezes a Palavra possa eventualmente ir contra algo que estejamos fazendo ou planejando fazer. Os crentes de Bereia também não tinham a Bíblia como nós temos hoje, e no texto de Atos 17. 10-13, vemos no v. 12 que "creram muitos deles", ou seja, nem todos creram...conjecturando, talvez por alguns racionalizarem demais. Mas repito, é apenas uma conjectura.

 

O espírito de religiosidade edificada sua obra em alguns fundamentos, dentre eles, cito 2 que talvez sejam os mais aparentes, que é o orgulho, e o idealismo. Ambos são interligados. O idealismo é de origem humana e é uma forma de humanismo, aparentando buscar padrões elevados, porém, é um inimigo da revelação e da Graça verdadeira e ataca aqueles que estão em busca pela Glória de Deus de maneira mais profunda. O orgulho da mesma forma é destrutivo e impede o alcance da verdadeira revelação.

 

Termino com um versículo: "Mas Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para confundir as sábias; e Deus escolheu as coisas fracas deste mundo para confundir as fortes." (1 Coríntios 1.27)

 

Santidade ao Senhor!

 

Luiz Augusto Carneiro, servo de Deus.